Wladimir Popoff e Rosane, passaram dos 60 anos e moram em veleiro regiĆ£o de Paraty .
- Ines Rioto
- 26 de jan. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 7 de abr. de 2022

HISTĆRIAS DO MAR - Jorge de Souza - 20/03/2020
O paulista Wladimir Popoff, que mora com a mulher, Rosane, mais de 60 anos moram em um veleiro que geralmente fica ancorado perto das ilhas desertas da regiĆ£o de Paraty...
Neste momento, enquanto bilhƵes de pessoas no mundo inteiro estĆ£o confinadas em suas casas, privadas de se movimentarem e sentindo os desconfortos do isolamento social e a inseguranƧa gerada pelo risco da contaminaĆ§Ć£o pela covid-19, um grupo de brasileiros nĆ£o mudou em praticamente nada a sua rotina. Seguem livres para sair de casa e se divertem em torno dela, com a certeza e a tranquilidade de que, mesmo fazendo isso, nĆ£o correm risco de contrair o vĆrus. Porque o local onde eles vivem Ć© praticamente imune ao avanƧo do coronavĆrus.
Eles moram no mar, onde, pela prĆ³pria caracterĆstica do ambiente e completa escassez de pessoas, o vĆrus nĆ£o consegue se espalhar. E suas casas sĆ£o barcos, que podem, inclusive, mudar de lugar, se surgir algum risco de o vĆrus chegar atĆ© lĆ”. "Nesse momento, estamos mais seguros do que qualquer brasileiro que viva em terra firme", diz, com explĆcito alĆvio, o paulista Wladimir Popoff, que mora com a mulher, Rosane, em um veleiro que geralmente fica ancorado perto das ilhas desertas da regiĆ£o de Paraty....
"Aqui, onde estamos, nĆ£o hĆ” nenhum outro ser humano num raio de cinco quilĆ“metros. E, se a gente quiser, dĆ” para mudar a nossa 'casa' para ainda mais longe", diz Wladimir. Tanto ele quanto a mulher jĆ” passaram dos 60 anos de idadeĀ e fazem parte do chamado "grupo de risco" do vĆrus. "Estamos naturalmente protegidos pelo mar", diz. "SĆ³ lamentamos nĆ£o poder trazer para cĆ” tambĆ©m os nossos parentes idosos, porque o espaƧo no barco Ć© limitado". "Quem mora em um barco estĆ” menos preocupado, porque sabe que, se precisar, tem como escapar das Ć”reas de contaminaĆ§Ć£o, levando a casa junto", diz a ex-enfermeira Guta Favarato, que, junto com o marido, mora em um veleiro. "Basta levantar Ć¢ncora e ir para um local mais seguro, pelo menos por um tempo". Cuidar da saĆŗdeĀ tambĆ©m mental O mesmo alĆvio de Wladimir, Rosane e Guta estĆ” sendo sentido, neste momento, por todas as pessoas que resolveram trocar uma casa por um barco e a vida em terra firme pelo mar. Como o tambĆ©m casal Alcides Falanghe e Tatiana Zanardi, que, dez anos atrĆ”s, trocaram um apartamento em SĆ£o Paulo por um veleiro no Caribe, no qual hoje moram e ganham a vida, recebendo e levando turistas brasileiros para passear nas Ilhas Virgens BritĆ¢nicas
"Quem mora num barco jĆ” vive um tipo de isolamento natural, porque nĆ£o hĆ” nem vizinhos assim tĆ£o perto. Portanto, para nĆ³s, nĆ£o mudou nada. Exceto a preocupaĆ§Ć£o com os familiares, no Brasil", diz Alcides, que Ć© mergulhador e segue sua rotina diĆ”ria sem nenhum contratempo, inclusive mergulhando no mar em torno do seu barco-casa. "Temos sorte de estar nessa situaĆ§Ć£o", admite.
Mas, com base na experiĆŖncia adquirida pela estreita convivĆŖncia do casal no pequeno espaƧo de um barco, a mulher de Alcides, a chefe de cozinha Tatiana, tem um conselho a dar Ć s famĆlias, que, por conta da recomendaĆ§Ć£o dos Ć³rgĆ£os de saĆŗde, agora tenderĆ£o a ficar os prĆ³ximos dias confinadas, dia e noite, dentro de casa.